domingo, 8 de dezembro de 2013

Miles Davis - On the Corner (1972)


Miles Davis é um dos grandes nomes do jazz, percursor e cabeça de vários subgêneros interessantes dentro do jazz (como hardbop, bebop, fusion, etc). O cara é um verdadeiro camaleão dentro do gênero e isso que o fez me tornar um dos meus musicos de jazz favoritos, a discografia extensa tem vários momentos distintos pra diferentes gostos que fazem um prazer se perder entre os cds. Esse disco ai é uma excelente peça e um dos que eu mais piro dele, lançado em junho de 1972 o própio Miles falou que essa obra foi uma tentativa de se "reconectar" com a juventude negra que estava trocando o jazz pelo rock e pelo funk da época. Apesar de que ele já vinha experimentando(ou criando?) com o fusion e utilizando elementos de rock e tal desde In A Silent Way, mas esse foi o grande marco da transformação, daí a metamorfose já estava completa e isso resultou em muitos vendo esse disco como um grande "FODA-SE" para os fãs/críticos do cool jazz típico dele. Chamaram ele de vendido(?) e o caralho a 4, tanto que esse é conhecido como o disco que menos foi vendido de toda sua discografia, apesar disso ele serviu de influência (direta ou indireta) a coisas como o hip-hop, música eletrônica (principalmente drum n bass) e até mesmo algumas bandas de rock alternativo que iam aparecer mais pra frente.

O Album em si é uma puta piração, eu só posso imaginar o quão bizarro que deve ter sido um disco desses no começo dos anos 70. Tu consegue pegar certa influência do rock e do funk mas onde o Miles bebe mesmo é no musique concrète (um gênero que o Miles sempre se interessou bastante). Um mutante esse disco. Um funk bizarro, um jazz fusion hindu, os riffs distorcidos malandros do John McLaughlin, a bateria quebrada acompanhada por percussões grooveando tudo, o baixo "simples" e hipnótico, o sintetizador e as pianadas do Hancock passando aqui e ali dando umas pitadas aqui e ali, a sitar elétrica aparecendo de vez em quando pra dar um novo clima as faixas e o grande trompete do Davis aparece uma hora fazendo uma dança com a guitarra, outrora solando sem ler nada entre outras (várias) paradas que estão nesse álbum. O gosto que te deixa na boca é um gosto urbano, um gosto de caos metropolitano, um disco de hip-hop instrumental/drum n' bass fora do seu tempo. Miles foi mesmo um visionario. Deu pra ver que eu gosto pouco desse disco né, já deu minha dose de pretensiosidade fiquem ae com o disco e ouçam AEEEEE.

1. On the Corner/New York Girl/Thinkin' One Thing and Doin' Another/Vote for Miles
2. Black Satin
3. One and One
4. Helen Butte/Mr. Freedom X

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